Centenas de populares que estão contra a exploração de Lítio manifestaram-se no passado sábado, dia 18 de janeiro, em Covas do Barroso, contra a servidão administrativa emitida pelo Governo, que permite que a empresa Savannah possa aceder a terrenos privados e baldios para a prospeção de lítio.
A manifestação reuniu centenas de pessoas, proprietários dos terrenos, residentes em Covas do Barroso e concelhos vizinhos, assim como representantes de várias associações, organizações, movimentos e entidades que estão contra a exploração mineira de Lítio na região, oriundos de vários pontos do país e do estrangeiro e de comunidades e territórios que lutam pela mesma causa.
O protesto foi organizado pela associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) após a secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, ter emitido um despacho, publicado a 06 de dezembro em Diário da República, que autoriza a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um ano, o que permite à empresa Savannah aceder a terrenos privados para a prospeção de lítio.
“Não à mina, Sim à Vida”, “O tempo da servidão acabou”, “O povo do Barroso não quer minas”, “Verde é o Barroso”, ou “Stop, lítio aqui não”, foram algumas das mensagens e palavras de ordem durante a manifestação, que teve como ponto de encontro o largo do Pelourinho de Covas do Barroso, seguindo depois a pé, de carro e em trator para a zona onde decorrem as prospeções mineiras.
O Presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, esteve junto da população neste protesto, acompanhado pelo Vice-presidente, Guilherme Pires, pela Presidente da Junta de Freguesia de Covas de Barroso, Lúcia Dias Mó, pelo Presidente da Associação organizadora, Nelson Gomes, e pela Presidente do Conselho Diretivo dos Baldios de Covas do Barroso, Aida Fernandes.
Fernando Queiroga, reforçou que a servidão administrativa “não deveria ter sido concedida da forma como foi” acrescentando que “veio agravar ainda mais o abuso que está a ser feito por parte da empresa relativamente a outros terrenos que não têm servidão administrativa”.
O autarca deixou, uma vez mais, bem patente a posição desfavorável da autarquia sobre a exploração de lítio no Concelho de Boticas, “a nossa convicção é de que isto é mau para o Concelho de Boticas e não é aquilo que dizem que vai ser” sublinhou. “Estou aqui para mostrar apoio à minha população e ao meu concelho”, referiu.
Nelson Gomes, da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), afirmou que com esta manifestação “queremos demonstrar que não reconhecemos legitimidade à servidão administrativa que a Secretária de Estado emitiu”, acrescentando que os residentes afetados se “sentem invadidos” e que o projeto da mina do Barroso está a ser imposto à força”.
“Estamos a falar de uma região que é Património Agrícola Mundial, única no país, portanto só temos que a preservar e manter esta forma de vida”.
A população do Barroso e o Município de Boticas lutam há sete anos contra a exploração de Lítio na região e prometem continuar a luta.