O Museu Carlo Bilotti, em Roma, inaugura, a 18 de Julho, a exposição Nadir Afonso. Architetto, pittore e collezionista. A mostra, com curadoria de Stefano Cecchetto, ficará patente até 30 de Setembro e conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, e o apoio da Embaixada de Portugal em Roma.
Além da produção pictórica de Nadir Afonso, a mostra italiana integra também obras de amigos artistas com quem o pintor português trabalhou. Entre eles figuram nomes como Pablo Picasso, Max Ernst, Cândido Portinari, Giorgio de Chirico, Max Jacob ou Fernand Léger. Assim, a exposição revela Nadir como um artista amigo de artistas, focando um período da segunda metade do século XX em que a confluência entre os géneros e o intercâmbio cultural constituiu o motor de uma renovada vitalidade na arte. As obras seleccionadas, ligadas ao clima da cidade barroca e da poesia metafísica, pretendem aprofundar a lição de Chirico que muito influenciou o expressionismo do artista.
Esta homenagem insere-se num conjunto de iniciativas da Fundação Nadir Afonso, no sentido de comemorar os 90 anos do Mestre com uma série de exposições de nível internacional. Depois de Lisboa, e antes de Paris e Rio de Janeiro, é agora a vez de Roma prestar homenagem ao extraordinário artista português. Seguir-se-á, em Veneza, uma segunda mostra italiana, por ocasião da Bienal de Arquitectura, que dará destaque à figura de Nadir Afonso como arquitecto e artista e à sua colaboração com dois grandes arquitectos: Le Corbusier e Oscar Niemeyer.
No entanto, o principal objetivo desta exposição em Roma é colocar em evidência a produção mais recente do artista. Nos últimos dez anos, a obra de Nadir Afonso assume uma força inovadora que vai além dos esquemas dos movimentos artísticos para explorar uma nova linguagem de formas. As cidades de Nadir Afonso apresentam-se com uma arquitectura transmutável. Uma arquitectura que parece emergir de uma realidade aparentemente estática e assente em esquemas de estruturas diagonais, linhas rectas e formas suavemente onduladas de diferentes cromatismos, mas na qual a intimidade inerente ao olhar se expande, em busca de um espaço novo, mais amplo e organizado.
Das numerosas obras da última década serão mostradas, entre outras cidades: Florença (2006), que aparece imersa em tons de vermelho e parece construída sobre uma hipérbole; Kuala Lumpur (2008), que emerge, como uma aparição, de um jogo de vorticismos cromáticos; Toronto (2007), em que a estrutura da composição é suspensa no espaço; e Cidade Incerta (2010), em que o signo poético parece ser construído na perspetiva de uma geometria evanescente.
São precisamente estas obras recentes que revelam a força e a determinação do artista em continuar uma pesquisa pessoal sobre a descoberta e aplicação de uma nova linguagem metafísica.