Durante dois dias (11 e 12 de Junho), Boticas acolheu aquele que é unanimemente considerado o maior evento mototurístico que se realiza no nosso País – o Portugal de Lés-a-Lés, uma iniciativa promovida pela Federação Nacional de Motociclismo que este ano cumpriu a sua XI edição, ligando Boticas a Olhão (no Algarve), com paragem em Castelo Branco, numa extensão de mais de mil quilómetros, percorrendo um Portugal por muitos desconhecido, optando sempre pelas estradas nacionais, municipais e alguns caminhos de terra, em detrimento das auto-estradas ou itinerários principais.
No decorrer do Prólogo, realizado no dia 11 de Junho, com partida e chegada em Boticas, as mais de quatro centenas de equipas de duas motos, em caravana de mais de 900 pessoas, deliciou-se com uma animada passeata que quebrou a pacatez das aldeias do Concelho, das Alturas do Barroso e Atilhó até a Curros, passando por Carvalhelhos, ou pelo vale do Tâmega a quem nem os incêndios – que roubaram grande parte da verdura... – beliscaram a imponência. Tempo ainda para descobrir o forno comunitário de Covas do Barroso, onde muitos foram surpreendidos com a oferta de pão acabadinho de cozer, bem como a paisagem granítica da subida até Vilarinho Seco, local de insuspeitável beleza, de uma grandiosidade de cortar a respiração. A vista para a albufeira do Alto do Rabagão (barragem dos Pisões) ou a medieval Ponte Pedrinha, sobre o rio Beça, foram outros dos atractivos deste arranque da aventura, que encerrou o dia com uma tradicional chega de bois e, como não podia deixar de ser, uma feijoada à barrosã durante um animado jantar que serviu para retemperar energias para o dia seguinte, que começou bem cedo, já que as primeiras equipas arrancaram para a prova quando o relógio batia as sete badaladas, enfrentando uma tirada de 412 quilómetros, ao longo do Douro e atravessando as Beiras.
A caravana rumou ao Sul, mas Boticas ficou no coração dos muitos motociclistas que participaram neste evento, desde os mais novatos nestas andanças, como os jovens de 15 anos, Carolina Silva e Fábio Pereira, que formaram a equipa mais jovem de sempre do lés-a-lés, ou dos deputados-motociclistas Miguel Tiago e Rodrigo Ribeiro, passando pelo animado grupo de espanhóis, num colorido intenso que polvilhou toda a caravana. Um colorido onde se incluiu o cor-de-rosa, que distinguiu a altruísta equipa feminina de Delfina Brochado, Paula Soares e Teresa Sousa (em substituição de última hora da grande impulsionadora do projecto, Catarina Almeida) que chamou a atenção na luta contra o cancro da mama.